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Cidade das Artes recebe espetáculo “Gisberta”, com Luis Lobianco

A peça que mistura política, história, música, teatro, humor, poesia e ficção terá três únicas apresentações

“Gisberta”, com Luis Lobianco, terá três únicas apresentações na Cidade das Artes, nos dias 12, 13 e 14 de outubro.

Gisberta -Foto Aline Macedo

Intérprete de Clovinho, em “Segundo Sol”, Luis Lobianco idealizou e atua no drama musicado “Gisberta”.

Trailer Oficial de “Gisberta” – https://vimeo.com/209615349

Idealizado pelo ator Luis Lobianco, com direção de produção de Claudia Marques, texto de Rafael Souza-Ribeiro e direção de Renato Carrera, o espetáculo “Gisberta” mistura política, história, música, teatro, humor, poesia e ficção para falar de Gisberta, brasileira vítima da transfobia que teve morte trágica em 2006, no Porto, em Portugal. As apresentações na Cidade das Artes – Grande Sala, acontecerão nos dias 12, 13 e 14 de outubro, sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h, com ingressos a partir de 20 reais.

– O mundo passa por uma grande crise de identidade: o que somos essencialmente e onde podemos viver o que somos? Refugiados podem ser inteiros fora de seus territórios sem inspirarem ameaça? Há liberdade para indentidade de gênero mesmo que se tenha nascido em um corpo de outro sexo? Gays podem se amar sem exposição à violência? A reação para o rompimento com padrões sociais é uma explosão de violência cotidiana sem precedentes. Quanto mais ódio, mais a afirmação da identidade se impõe. No ar a sensação de um grande embate mundial iminente – não tem mais como se esconder no armário. Ser livre ou servir à intolerância: eis a questão. – comenta Luis Lobianco.

Gisberta atravessou o oceano para buscar um território livre, mas morreu no fundo do poço, afogada em ódio e água. Na ocasião o caso ganhou destaque nas discussões sobre a transfobia em Portugal e Gisberta se tornou (e até hoje é) ícone na luta pela conscientização para uma erradicação dos crimes de ódio contra gays, lésbicas e transexuais. Em 2016, dez anos após a sua morte, Gisberta foi amplamente lembrada em Portugal por meio de inúmeras reportagens e, em 14 de fevereiro de 2017, Gisberta deu nome ao primeiro centro de apoio a população LGBT do norte de Portugal, “Centro Gis”, em Matosinhos, distrito do Porto.

– Já o Brasil, na contramão, é um dos países que mais comete crimes de transfobia e homofobia, números que não param de crescer junto com uma onda conservadora de intolerância com as diferenças. Se não conseguimos mudar as leis que não nos protegem, que a justiça seja feita no teatro, com música e luzes de Cabaré. Que venham as identidades de humor, gênero, drama, música, tragédia e redenção. O caso de Gisberta não é conhecido por aqui e decidi que Gisberta vai reviver a partir da arte e será amada pelo público. – afirma Lobianco.

Luis Lobianco é criador dos espetáculos do Buraco da Lacraia, Rival Rebolado e Portátil, na região da Cinelândia, centro boêmio e LGBTQ do Rio de Janeiro: – O Buraco da Lacraia é um projeto que mudou minha vida. Uma ocupação teatral que desenvolve uma linguagem artística completamente nova, diferente de tudo, e ainda me deu uma família artística! É um projeto artesanal, muito respeitado e o lucro é na alma, não no bolso. É uma das coisas mais sérias que fiz na vida. – diz Lobianco.

Gisberta – Foto Elisa Mendes

Para contar a história de Gisberta, que é praticamente desconhecida no Brasil e que é também a história de tantas outras vítimas da transfobia, Luis Lobianco interpreta vários personagens (ele não interpreta Gisberta) com texto concebido a partir de relatos obtidos em contatos pessoais com a família de Gis, do processo judicial, de visitas ao local da tragédia e por onde Gisberta passou. De forma muito delicada, a peça transita entre dois gêneros: o humor, pois Gisberta era uma pessoa muito alegre e divertida, e o drama. Em cena, três músicos acompanham o ator: Lúcio Zandonadi (piano e voz), Danielly Sousa (flauta e voz), Rafael Bezerra (clarineta e voz).

– Gisberta não está em cena, o Luis Lobianco não interpreta a Gis, mas nós chegamos bem perto dela. – afirma o diretor Renato Carrera.

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– Eu sou em cena o contador da história de Gisberta. Para que o público sinta a sua presença e ausência uso todos os recursos que posso para criar empatia a ponto de tê-la como alguém muito íntima, uma amiga querida. – conclui Luis Lobianco.

Uma breve história de Gisberta

Caçula de uma família com oito filhos, nascida e moradora do bairro Casa Verde, em São Paulo, ainda na infância Gisberta dava sinais de que estava num corpo que não correspondia à sua identidade. Após a morte do pai, deixou os cabelos crescerem definitivamente. Em 1979, aos 18 anos, quando suas amigas morriam assassinadas, na capital paulista, com medo de ser a próxima vítima, deixou o Brasil rumo a Paris. Mais tarde, já depois de realizar tratamento hormonal e fazer implante de silicone nos seios, mudou-se para o Porto, no Norte de Portugal. Muito alegre e divertida, rapidamente enturmou-se na cena gay local. Fazia apresentações em bares e boates. Por 10 anos foi a estrela brasileira da noite portuense. Sem muito jeito com qualquer tipo de liberdade viveu tudo o que nunca experimentou de forma voraz: cantou de Vanusa a Marilyn, bebeu, fumou, cheirou, amou e adoeceu no cabaré. Foi muito feliz, tinha muitos amigos e admiradores. Poupava energia para as cartas e fotos que mandava para a família, queria garantir que estava segura. Um dia os seus dois cães fugiram de casa e foram atropelados na sua frente. Gis definhou de depressão e Aids. Perdeu os cabelos conquistados e o visto de imigrante, passou a vestir trapos sem gênero e foi morar na rua. Num prédio abandonado foi encontrada, no final de 2005, por um grupo de 3 meninos mantidos pela Oficina de São José, uma instituição religiosa da vizinhança. No início as crianças ofereceram comida e agasalho, mas a lógica do grupo se converteu em um ódio súbito e inexplicável quando outros 11 meninos se juntaram ao grupo inicial. A partir de 15 de fevereiro de 2006, Gisberta sofreu vários dias de tortura e finalmente, acreditando que ela estava morta, foi jogada ainda com vida dentro de um poço cheio de água. Conclusão do processo: morte por afogamento. Gis, como ela gostava de ser chamada, já vivia sufocada, sua morte foi síntese da sua vida – culpa do ódio e não da água.

Gisberta – Foto Elisa Mendes

Trajetória do espetáculo “Gisberta”

“Gisberta” estreou nacionalmente no dia 1º de março de 2017, no CCBB Rio de Janeiro, onde permaneceu em cartaz até 30 de abril. Em junho fez temporada no Teatro Dulcina, casa histórica no corredor cultural da Cinelândia, Centro do Rio e em novembro fez temporada no CCBB Brasília. Em 2018, no mês de janeiro fez temporada no CCBB Belo Horizonte, em março integrou a programação do aniversário do Teatro Rival. Neste momento o espetáculo ultrapassou a marca de 10.000 espectadores. Ainda em 2028, “Gisberta” vai à Portugal para apresentações no Porto, em novembro, e em Lisboa, em dezembro.

Ficha técnica

Idealização e atuação: Luis Lobianco
Pesquisa dramatúrgica: Luis Lobianco, Renato Carrera e Rafael Souza-Ribeiro
Texto: Rafael Souza-Ribeiro
Direção: Renato Carrera
Direção de produção: Claudia Marques
Músicos: Lúcio Zandonadi (piano e voz), Danielly Sousa (flauta e voz), Rafael Bezerra (clarineta e voz)
Investigação: Luis Lobianco e Rafael Souza-Ribeiro
Trilha sonora e músicas compostas: Lúcio Zandonati
Iluminação: Renato Machado
Cenário: Mina Quental
Figurino: Gilda Midani
Preparação Vocal: Simone Mazzer
Direção de Movimento: Marcia Rubin
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Programação Visual: Daniel de Jesus
Fotos de divulgação: Elisa Mendes
Produção e realização: Fábrica de Eventos

Serviço

“Gisberta”
com Luis Lobianco
Texto: Rafael Souza-Ribeiro
Direção: Renato Carrera
Direção de produção: Claudia Marques
Sinopse: A peça mistura política, história, música, teatro, humor, poesia e ficção para falar de Gisberta, brasileira vítima da transfobia que teve morte trágica em 2006 na cidade do Porto, em Portugal.
Local: Cidade das Artes – Grande Sala
Endereço: Av. das Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Temporada: Dias 12, 13 e 14 de outubro de 2018, sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h.
Ingressos:
Plateia 1 – R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia)
Plateia 2 – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
Galeria Baixa – R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)
Galeria Alta – R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia)
Frisa Lateral – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
Camarote 1 – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
Camarote 2 – R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia)
Vendas na bilheteria do teatro: De terça à domingo de 13h às 19h (Cartão e Dinheiro)
Vendas pela internet: Ingresso Rápido
Estacionamento pago no local
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
Drama musicado

 

Fonte: Ney Motta

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Lourdes Castro

Nascida em São Paulo, Capital - SP, Brasil, Formada em Comunicação Social pelas Fiam- Faculdades Integradas Alcântara Machado, Pós Graduada em Administração de Marketing pela Fecap, Especialização em Assessoria de Imprensa pelo Senac. Jornalista, Assessora de Imprensa e Produtora do Programa Fama & Destaque da Apresentadora Viviane Alves, pela TV Guarulhos. MTB 15521

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