Segurança infantil em foco
A importância de planos integrados e da conscientização para prevenir a violência.

Segurança infantil em foco
A segurança infantil é um tema que precisa deixar de ser um “assunto de especialistas” para se tornar uma prioridade de todos nós. Como profissional dedicado há anos ao planejamento de estratégias de prevenção, vejo todos os dias o quanto é urgente criar abordagens mais completas e colaborativas para proteger nossas crianças e jovens, especialmente em ambientes escolares e nos trajetos diários entre casa e escola.
Para entender a dimensão do problema, vale observar alguns dados concretos. Segundo o relatório mais recente do FBI (National Crime Information Center), em 2023 foram registradas mais de 563 mil entradas de pessoas desaparecidas nos Estados Unidos, aproximadamente 375 mil eram crianças e adolescentes menores de 18 anos. É importante dizer que esse número inclui registros duplicados (uma criança pode ser reportada desaparecida mais de uma vez), mas ainda assim mostra o tamanho da vulnerabilidade que enfrentamos.
Outro dado que nos obriga a agir é o histórico de violência em escolas. O massacre de Parkland, ocorrido em 2018 na Flórida, matou 17 pessoas e feriu outras 17, escancarando falhas graves em protocolos de segurança. Desde então, diversos estados, como a própria Flórida, criaram programas específicos, como por exemplo, o Guardian Program, para formar pessoas armadas para proteger escolas. Mas, apesar de avanços pontuais, muitos distritos ainda carecem de planos integrados de prevenção.
Defendo que a segurança infantil eficaz não pode ser reduzida apenas à presença de guardas armados ou câmeras de vigilância. Precisamos de um modelo mais amplo e proativo, com várias camadas de proteção e envolvimento comunitário real.

Auditorias de segurança em escolas
Um primeiro passo fundamental é realizar auditorias de segurança em escolas. Trata-se de avaliar, de forma profissional e criteriosa, as vulnerabilidades físicas, procedimentais e organizacionais de cada instituição. Isso inclui analisar rotas de evacuação, controle de acesso, comunicação de emergência e treinamentos dos funcionários.
Em minha experiência, vejo que muitas escolas acreditam estar preparadas apenas porque possuem câmeras ou guardas. Mas sem auditorias regulares, que revejam os planos à luz de novos riscos, essas medidas isoladas perdem eficácia. Auditorias profissionais também permitem identificar soluções de baixo custo, adaptadas à realidade local, algo essencial em distritos com menos recursos.
Treinamento para motoristas de transporte escolar
Outro elo crítico na cadeia de proteção infantil são os motoristas de transporte escolar. Muitas famílias confiam neles para levar seus filhos com segurança, mas raramente eles recebem capacitação adequada para lidar com emergências, reconhecer sinais de abuso ou planejar rotas seguras.
É preciso priorizar treinamentos específicos para esses profissionais, com ênfase em protocolos de emergência, comunicação com as famílias e detecção de comportamentos suspeitos. É uma forma direta de aumentar a segurança no dia a dia, sem custos proibitivos e com resultados práticos.
Oficinas lúdicas para crianças
Também acredito fortemente em abordagens educativas e lúdicas para as próprias crianças. Muitas vezes, falamos de segurança apenas em termos punitivos ou de vigilância, esquecendo que crianças bem orientadas se tornam agentes de sua própria proteção.
Por isso, oferecemos oficinas interativas em escolas e centros comunitários, que simulam situações do cotidiano, como pedir ajuda a um adulto confiável, identificar um local seguro ou agir em caso de tentativa de sequestro, por exemplo. Usar linguagem acessível e atividades práticas permite que elas internalizem esses comportamentos de forma natural, sem medo excessivo ou traumas.
Programas de conscientização para famílias
Por fim, nenhuma estratégia de segurança infantil se sustenta sem o engajamento das famílias. Muitos casos de violência ou desaparecimento envolvem ofensores conhecidos, um dado alarmante que se repete em vários estados. Por exemplo, na Geórgia, mais de 90% dos casos de abuso sexual infantil são cometidos por alguém conhecido da vítima.
Programas de conscientização para famílias são essenciais para ensinar como identificar sinais de abuso ou negligência, dialogar com as crianças de forma aberta e construir redes de proteção no bairro ou na comunidade escolar. Não se trata de gerar pânico, mas de dar ferramentas para prevenir riscos antes que eles ocorram.
Um compromisso coletivo
Em resumo, segurança infantil em ambientes escolares e nos trajetos diários não deve ser vista como tarefa exclusiva das autoridades ou das escolas. É um compromisso coletivo, que envolve famílias, educadores, motoristas, gestores públicos e empresas especializadas. Precisamos de planos integrados que combinem tecnologia, treinamento humano, educação preventiva e avaliação constante dos riscos.
Como profissional de segurança, acredito que nossas crianças merecem mais do que medidas reativas. Merecem uma cultura de proteção sólida, na qual cada adulto saiba como contribuir para que cresçam com segurança, confiança e liberdade.
Conheça o autor:
Diego Carvalho da Silva é bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade União das Américas (Brasil), com sólida formação acadêmica em gestão. Possui também formação técnica em Mecânica Automotiva, concluída no SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Brasil), que lhe proporcionou conhecimento aprofundado sobre operação e manutenção de veículos.
Atuou por sete anos como Policial Militar no estado de Santa Catarina, tendo concluído o Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar e o Curso de Aperfeiçoamento de Cabos, acumulando experiência em operações de segurança pública, disciplina operacional e liderança de equipes.
Fotos: Freepik / Divulgação
Por: Diego Carvalho da Silva
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