Economia e NegóciosServiços

Compliance e gestão de riscos como ferramentas de crescimento

O papel estratégico do suporte jurídico e investigativo às pequenas e médias empresas.

Compliance e gestão de riscos como ferramentas de crescimento

Durante mais de uma década atuando na área de compliance e investigações corporativas, tanto no setor privado quanto em escritórios de auditoria e consultorias, percebi uma lacuna recorrente: pequenas e médias empresas (PMEs) frequentemente ignoram, ou são impedidas de acessar, estruturas formais de integridade e gestão de riscos. Muitas vezes, por limitação de recursos ou por desconhecimento, essas organizações acreditam que o compliance é algo exclusivo de grandes corporações. Essa percepção é não apenas equivocada, como também perigosa.

Nos Estados Unidos, as PMEs representam quase 100% do tecido empresarial, segundo a U.S. Small Business Administration (SBA). São elas que respondem por boa parte da inovação, do dinamismo econômico e, cada vez mais, das transações internacionais com países como o Brasil. No entanto, muitas dessas empresas operam sem qualquer mecanismo formal de compliance, sem canal de denúncia, sem due diligence em seus parceiros e sem políticas internas claras.

O risco disso? Ser surpreendido por passivos jurídicos, fraudes, sanções regulatórias ou mesmo a perda de contratos estratégicos com parceiros maiores que já exigem critérios mínimos de conformidade. O compliance deixou de ser um diferencial para se tornar pré-requisito em diversos setores. A boa notícia é que é possível, e necessário, tornar o compliance acessível, sob medida e eficiente também para empresas de menor porte.

Compliance e gestão de riscos como ferramentas de crescimento
Compliance e gestão de riscos como ferramentas de crescimento – Foto Freepik – Divulgação

Compliance como ferramenta de proteção e competitividade

Ao contrário do que muitos imaginam, compliance não se resume a criar manuais, códigos de conduta ou burocratizar processos. Ele é, acima de tudo, uma ferramenta de gestão estratégica. Quando estruturado de forma inteligente, proporcional ao porte da empresa e ao seu risco setorial, o compliance atua como um escudo contra fraudes internas, desvios de conduta, má reputação e insegurança jurídica.

Na prática, é o compliance que permite que uma empresa se relacione com segurança com o setor público, participe de licitações, feche contratos com multinacionais e acesse linhas de financiamento. Em um cenário regulatório cada vez mais exigente como o dos Estados Unidos e da União Europeia, deixar de investir em integridade pode significar ficar fora do jogo.

Investigações internas: agir antes que o problema se torne crise

Outra frente essencial do suporte que ofereço às PMEs é o das investigações corporativas. Muitas empresas ainda vêem esse tipo de atuação como algo reativo, ou seja, a ser feito somente quando o problema “explode”. Na verdade, uma investigação bem conduzida pode evitar a deterioração da reputação da empresa, a perda de recursos financeiros e até processos judiciais. Investigar é um ato de responsabilidade, não de desespero.

Investigações internas independentes são importantes não apenas para apurar condutas suspeitas, mas também para demonstrar boa-fé e cooperação às autoridades, caso o caso chegue a instâncias regulatórias. Além disso, ajudam a fortalecer a cultura de ética e transparência dentro da empresa.

Brasil x EUA: o desafio da interlocução técnica

Empresas americanas que mantêm negócios ou fornecedores no Brasil enfrentam o desafio adicional referente à diferença cultural e regulatória entre os dois países. O ambiente de negócios brasileiro é complexo, com alta carga burocrática, instabilidade normativa e um histórico de escândalos de corrupção que ainda pesa na percepção externa. Muitas empresas dos EUA, especialmente as de menor porte, não sabem como navegar nesse cenário e acabam correndo riscos sem perceber.

Por isso, é essencial que haja uma ponte entre esses dois mundos, com conhecimento técnico sobre o sistema jurídico brasileiro e familiaridade com as exigências regulatórias norte-americanas. Assim, é possível traduzir essa complexidade de forma clara e objetiva para que o empresário americano tome decisões seguras, sem surpresas futuras.

Conclusão: compliance é um investimento, não um custo

O suporte jurídico e investigativo personalizado não deve ser visto como um luxo ou algo reservado apenas às multinacionais. Ele é, hoje, uma necessidade urgente para qualquer empresa que deseje crescer de forma sustentável, ética e protegida de riscos legais e reputacionais.

Conheça o autor:

Ricardo de Moraes Dandalo é advogado com mais de 10 anos de experiência em funções jurídicas e consultivas, com atuação destacada em compliance, auditoria e gestão de riscos. Bacharel em Direito pela Universidade Metodista de São Paulo e especialista em Direito Tributário pela Escola Brasileira de Direito, possui sólida expertise na implementação de programas de governança, políticas corporativas e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), além de profundo conhecimento em segurança da informação. Membro ativo do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Governança (InDESG) e da OAB/SP, contribui ativamente para debates e iniciativas voltadas ao fortalecimento da ética e da integridade nas organizações.

Fotos: Freepik / Divulgação

Por: Ricardo de Moraes Dandalo

Tudo isso e muito mais! Redação egonoticias

Veja mais: Empresário brasileiro aposta no mercado de compliance nos EUA

Redação Ego Notícias

Ego Notícias o seu canal de entretenimento. O Portal das Celebridades e Famosos. Você é notícia, nós publicamos!

Artigos relacionados