Rosas Periféricas comemora 10 anos com infantojuvenil
Inspirado em obras de Ferréz, o espetáculo de rua retrata a criança periférica e suas interações com o mundo ao seu redor
Rosas Periféricas comemora 10 anos com infantojuvenil
Comemorando 10 anos de atividades, o Grupo Rosas Periféricas, atuante no Parque São Rafael. Assim, a zona leste paulistana, estreia no dia 20 de abril o seu novo espetáculo, Ladeira das Crianças – TeatroFunk.
A montagem tem criação e direção coletiva do grupo com dramaturgia de Marcelo Romagnoli, a partir da adaptação dos livros O Pote Mágico. Também, Amanhecer Esmeralda, do paulistano Ferréz (autor renomado de literatura marginal periférica).
Encenada ao ar livre, a peça reflete sobre a identidade das crianças da periferia e sobre os bens culturais do território, acessados na fase infantojuvenil. Histórias de vida dos atores e expectativas das crianças da região permeiam as histórias, que são costuradas por elementos do funk – como a dança, mais especificamente o passinho, a música, o ritmo e as rimas. O trabalho é inédito também quanto à abordagem lúdica do funk em uma produção para crianças e jovens.
Lareira das Crianças
Todas as sessões são grátis e acontecem no período de 20 de abril e 18 de maio, com sessões na Praça Osvaldo Luiz da Silveira (Parque São Rafael), na Casa de Cultura Municipal São Rafael e no Parque Santo Dias (Capão Redondo). Esta realização é uma parceria com o VAI II, Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Em Ladeira das Crianças – TeatroFunk o universo das crianças periféricas ganha a cena. Seus desejos e sonhos são embalados pelo ritmo do funk. No bonde da ladeira tem de tudo: menino que sonha em ser DJ, garoto curioso para saber o que há dentro de um pote mágico, menina de cabelo de nuvem e garota que vive no mundo da lua. A peça retrata todas as pessoas que foram criança um dia e moraram na periferia.
Esta é mais uma investida do Rosas Periféricas na construção de uma narrativa ficcional documental, pesquisa e prática teatral desenvolvida pelo grupo, desde 2014. Além de memórias do grupo e objetos pessoais em cena, os atores foram ao encontro das crianças que moram na região em busca de material para as narrativas, promovendo encontros regados a músicas, cantigas e brincadeiras, além de improvisações cênicas.
E Ladeira das Crianças usa o funk
Bem como, a linguagem para ressaltar uma identidade nascida para a simples diversão. Os atores explicam que, percebendo a força dessa manifestação no cotidiano do público infantojuvenil da periferia, a aposta foi aproximar o teatro (arte que não é muito popular na periferia) da popularidade do funk.
Os elementos dessa cultura (dança, música e rimas) foram os artifícios usados para costurar as histórias e criar uma identidade com o público alvo da montagem. Para tanto, os atores fizeram diversas atividades preparatórias como aulas de passinho, workshop sobre a história do funk e oficinas de rima e beat.
“Nossa ideia foi trabalhar o ‘teatro-funk’ com toda a expressividade que a cultura funk tem na vida e no lazer dos jovens e crianças da periferia”, comentam.
Núcleo Bartolomeu
A inspiração veio também de trabalhos bem sucedidos de outros grupos que unem o teatro com uma vertente musical, como é o caso do ‘teatro hip-hop’, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e do ‘teatro-baile, da Cia.
Teatro da Investigação. “Queremos explorar essa estética e acreditamos na aproximação entre o teatro e o funk. Teatro-funk parece brincadeira, mas é uma brincadeira necessária”, concluem os integrantes do Rosas Periféricas.
O enredo
Do livro O Pote Mágico a montagem Ladeira das Crianças – TeatroFunk traz um menino da periferia de São Paulo que imagina a possibilidade de encontrar um pote mágico que transformaria sua vida. De Amanhecer Esmeralda vem a história de Manhã, uma menina pobre e sonhadora que, ao ganhar um presente especial, passa a ter uma diferente percepção do mundo e de si mesma.
O enredo se passa em uma ladeira, que o grupo chama de “ladeira da alegria”, onde a garotada se encontra, brinca e se diverte; onde tudo acontece; onde sonhos e desejos são revelados. Além dos livros adaptados dramaturgicamente, a peça é recheada de memórias pessoais dos integrantes do grupo, recolhidas no processo criativo, que se entrelaçam com narrativas das crianças que vivem nas bordas da cidade.
A identidade do grupo está, inclusive, nos nomes das personagens. Rogério MC (Rogério Nascimento) adora dançar e soltar pipas; trabalha lavando carros, gasta o dinheiro nos bailes e sonha com o pote mágico. Paulo DJ (Paulo Reis, que confessa ter sido uma criança medrosa) só quer saber de brincar; é o melhor amigo de Rogério e embarca em todos os sonhos do colega.
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Michele Manhã (Michele Araújo) é garota negra que sofre preconceito na escola, tem pai alcóolatra e passa necessidades, mas encontra no afeto de um professor o agente transformador que a faz se reconhecer como menina negra, transformando sua realidade.
Esta passagem da peça reforça a ‘representatividade negra’ do grupo. Gabriela – A Menina da Maleta (Gabriela Cerqueira) carrega uma maleta com livros e sonha em ser escritora, enquanto recolhe material reciclável junto com a família.
A maleta é objeto real de sua infância. Monica Astronauta (Monica Soares) vive no mundo da lua e sonha em ser astronauta, mas seu sonho é barrado porque, ‘como mulher’, seria no máximo uma comissária de bordo; seu companheiro é o ursinho Tobias (brinquedo que a atriz ganhou na infância).
O funk
A cultura funk é reconhecida por lei, no Rio de Janeiro, sendo a manifestação considerada patrimônio cultural, desde 2009. O ritmo já foi criminalizado e os bailes chegaram a ser proibidos em alguns locais. Os adeptos, porém, defendem que o funk retrata a realidade da periferia, com suas qualidades e seus defeitos, e ressaltam o preconceito da elite com essa manifestação que foi idealizada e é vivenciada, principalmente, por negros e por pobres.
Ficha técnica
Texto: Grupo Rosas Periféricas – livremente inspirado nos livros Amanhecer Esmeralda e O Pote Mágico de Ferréz. Dramaturgia: Marcelo Romagnoli. Direção: O Grupo. Elenco: Gabriela Cerqueira, Michele Araújo, Paulo Reis, Monica Soares e Rogério Nascimento.
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Fotos: Daniela Cordeiro / Arquivo Pessoal
Fonte: Assessoria de Imprensa
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