Tecnologia em prol da saúde
Digitalização e inteligência artificial vêm transformando o setor, enquanto manutenção de equipamentos médicos garante qualidade no atendimento.

Tecnologia em prol da saúde
A transformação digital do setor da saúde vem se intensificando com o avanço da inteligência artificial, da Internet das Coisas (IoT) e da manufatura aditiva, também conhecida como impressão 3D. Por outro lado, esses recursos vêm sendo aplicados tanto na digitalização dos serviços e na expansão da telemedicina, quanto na otimização da gestão hospitalar e na manutenção eficiente dos equipamentos médicos. Nesse cenário, o investimento em inovação tecnológica aliado a uma estratégia robusta de manutenção é determinante para garantir diagnósticos mais precisos, reduzir custos operacionais e oferecer um atendimento mais rápido e seguro aos pacientes.
O setor de saúde é, ao mesmo tempo, um dos mais exigentes e mais promissores no uso de tecnologias emergentes. Entre os fatores que impulsionam essa modernização estão a crescente demanda por serviços, os altos custos envolvidos e a busca contínua por eficiência.
Tecnologias como a IoT têm permitido, por exemplo, a integração de sistemas de gestão de leitos hospitalares com a engenharia clínica. Por meio de sensores inteligentes e dispositivos conectados, é possível monitorar em tempo real a ocupação dos leitos, as condições ambientais e até mesmo o funcionamento de equipamentos médicos críticos, como monitores multiparâmetros e ventiladores.

Impressão 3D e a nova era da manutenção hospitalar
Outro grande aliado da inovação no setor é a impressão 3D, que vem revolucionando a forma como hospitais e clínicas lidam com a reposição de peças e dispositivos médicos. Em um contexto como o brasileiro, onde cerca de 70% dos equipamentos médicos são importados, a dependência de peças estrangeiras pode gerar atrasos de até 90 dias e altos custos com taxas alfandegárias e logística internacional. A fabricação de componentes sob demanda por meio da impressão 3D tem permitido reduzir drasticamente esse tempo, bem como os custos — em alguns casos, em mais de 90%.
Estudos de caso mostram que peças como travas de ventiladores, batentes de cassetes de raios X e mecanismos de umidificadores neonatais podem ser fabricadas localmente com impressoras 3D, com precisão e segurança, a um custo significativamente menor do que os equipamentos originais. Portanto, além da economia, esse processo garante maior agilidade na manutenção e evita que equipamentos fiquem fora de operação por longos períodos.
Digitalização, eficiência e sustentabilidade
A manutenção eficiente de equipamentos médicos reduz gastos e melhora diretamente a qualidade do atendimento. Equipamentos bem calibrados e com manutenção em dia aumentam a precisão dos diagnósticos e minimizam o risco de falhas, contribuindo para melhores desfechos clínicos. No setor de terapia intensiva, por exemplo, onde cada segundo pode determinar a sobrevivência de um paciente, a confiabilidade dos dispositivos é inegociável.
Além disso, o uso da impressão 3D e da IoT tem impulsionado práticas sustentáveis, como a fabricação local de peças de reposição, o reaproveitamento de materiais e a diminuição do descarte de equipamentos que ainda poderiam ser recuperados. Esses avanços não apenas alinham o setor de saúde às metas globais de sustentabilidade, como também fortalecem a autonomia tecnológica das instituições médicas.
Gestão inteligente de leitos e equipamentos com IoT
A aplicação da IoT na gestão hospitalar vem mostrando resultados expressivos, especialmente na administração de leitos. Sensores de ocupação interligados a sistemas de gestão permitem identificar automaticamente quando um leito é liberado, agilizando o processo de higienização e preparando o ambiente para o próximo paciente. Além disso, esse modelo reduz falhas humanas na comunicação entre setores e melhora a rotatividade de internações, o que é crucial em momentos de alta demanda, como em surtos epidemiológicos ou crises sanitárias.
Além disso, a integração com sistemas de engenharia clínica possibilita a manutenção preditiva de equipamentos, com o monitoramento contínuo de desempenho e o envio automático de ordens de serviço em caso de falhas identificadas. Isso não só aumenta a disponibilidade dos dispositivos, como também protege os pacientes e reduz custos com substituições desnecessárias.
Desafios e regulamentações
Apesar das vantagens, o uso da impressão 3D ainda enfrenta desafios regulatórios. No Brasil, não há uma norma específica para a fabricação de peças de reposição para dispositivos médicos por meio dessa tecnologia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regula práticas gerais por meio da RDC 665/2022 e da RDC 579/2021, mas ainda há lacunas que precisam ser preenchidas para garantir a segurança e rastreabilidade desses componentes. A ausência de normatização específica impõe às instituições de saúde o dever de avaliar criteriosamente materiais, desempenho e compatibilidade das peças antes de colocá-las em uso clínico.
Conclusão
A combinação entre manutenção eficiente, tecnologias emergentes e estratégias de gestão inteligente representa uma nova era para o setor da saúde. Bem como, a digitalização, a impressão 3D e a IoT têm o potencial de transformar profundamente o ambiente hospitalar, trazendo benefícios que vão desde a economia de recursos até o avanço da medicina personalizada.
Ao promover a interoperabilidade entre sistemas, ampliar a autonomia tecnológica e reduzir o tempo de inatividade de equipamentos, essas inovações tornam o atendimento mais rápido, seguro e eficiente. Com a regulamentação adequada e investimentos direcionados, o setor de saúde pode se tornar não apenas mais sustentável, mas também mais humano e acessível.
Conheça o autor:
Eduardo Wilczak é engenheiro eletricista pela Fundação Assis Gurgacz, com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e Engenharia Clínica. Com 11 anos de experiência, possui sólida atuação na gestão e manutenção de equipamentos médicos e hospitalares, destacando-se na Engenharia Clínica.
Durante seis anos coordenando equipes, desenvolveu expertise em gestão de ativos, planejamento de manutenção e liderança. Além disso, tem experiência no desenvolvimento de peças de reposição para equipamentos hospitalares por meio de manufatura aditiva e atuou como instrutor em treinamentos operacionais para profissionais de saúde e novos colaboradores.
Fotos: Freepik / Divulgação
Por: Eduardo Wilczak
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