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Duna e mais do que um espetáculo visual

O filme conseguiu o impossível

Duna e mais do que um espetáculo visual

O Que Escritores e Roteiristas Podem Aprender Com a Ficção Científica Mais Épica dos Últimos Anos. Quando Duna (2021 e 2024) chegou aos cinemas pelas mãos de Denis Villeneuve, ficou claro que não era só mais um blockbuster de ficção científica. O filme conseguiu o impossível: adaptar um livro denso e complexo sem perder a alma da história. Mais do que um espetáculo visual, Duna é uma verdadeira aula de narrativa, construção de mundo e desenvolvimento de personagens – e tem muito a ensinar para quem escreve, seja roteiro, ficção ou conteúdo digital.

Portanto, se você é do tipo que gosta de aprender com as melhores histórias, vem comigo que vou destrinchar o que Duna faz de tão bem e como aplicar isso na sua escrita.

1. Como Construir uma Narrativa que Cresce Naturalmente

Se tem algo que Duna faz bem, é não tratar o espectador como idiota. Diferente de muitos filmes de ação que já começam com explosões, perseguições e reviravoltas, Duna opta por construir sua história com calma. Cada cena adiciona um pedaço de informação, um conflito latente, um detalhe que vai fazer diferença depois. Quando a ação finalmente chega, ela tem peso emocional real, porque a gente já se importou o suficiente para sentir cada impacto.

Duna e mais do que um espetáculo visual
Duna e mais do que um espetáculo visual – Theatrical Release Poster MAX – Divulgação
Como aplicar isso na sua escrita:

Nem toda história precisa entregar tudo de cara. Antes de tudo, você deve criar um ritmo bem estruturado faz com que o público se envolva emocionalmente antes do grande clímax. A tensão cresce quando a história tem tempo para respirar. No seu roteiro, artigo ou livro, pense em como construir uma progressão natural – sem pressa, mas sem deixar o leitor entediado.

Exemplo: A primeira metade de Duna estabelece as tensões políticas, os personagens e os perigos de Arrakis. Quando Paul precisa fugir para o deserto, já estamos investidos na história. Agora imagine se o filme já começasse com ele no meio da areia fugindo dos Harkonnen? Perderia metade do impacto.

Para entender mais sobre o conceito de estrutura narrativa, confira esse artigo sobre o ritmo em roteiros de sucesso:

2. Criando Personagens que Não São Apenas Peões da Trama

Paul Atreides poderia ser apenas um “escolhido”, como muitos protagonistas de ficção científica e fantasia. Mas Villeneuve e Timothée Chalamet fazem questão de dar a ele mais camadas. Ele não tem apenas um grande destino; ele tem medo, dúvidas, e cresce de forma ambígua ao longo da trama.

E não para por aí. Defato, a Lady Jessica é muito mais do que uma mãe protetora, Duke Leto carrega um peso emocional real, e até os vilões, como o Barão Harkonnen, são interessantes porque não são caricatos.

Como aplicar isso na sua escrita:

Seus personagens não podem existir apenas para “mover a história para frente”. Assim, eles precisam ter suas próprias motivações, dilemas e transformações ao longo da trama. Se um personagem parece que só está ali para servir ao protagonista, provavelmente está mal escrito.

Dica para escritores: Dê a cada personagem um “desejo invisível”. Pode ser poder, liberdade, redenção, vingança. Se você souber o que move cada um deles, a história flui naturalmente.

Veja um estudo sobre personagens tridimensionais em filmes e séries de sucesso:

3. Como Construir um Mundo Rico sem Cair no Infodump

Contudo, um dos maiores desafios para escritores de ficção científica e fantasia é criar um mundo rico e crível sem enfiar na cabeça do público um dicionário inteiro de explicações. Duna acerta nisso porque nos faz sentir o mundo antes de tentar explicá-lo.

Por exemplo, a primeira cena com os Fremen já nos dá a entender que eles são um povo sobrevivente, forte e que valoriza a água acima de tudo – tudo isso sem um narrador explicando ou um personagem dizendo “ei, nós valorizamos a água”. A narrativa mostra em vez de falar.

Como aplicar isso na sua escrita:

Se você escreve ficção, evite cair na armadilha do infodump (jogar toneladas de informação no leitor sem ele pedir). Por isso, o público entende mais quando descobre o mundo pela ação dos personagens.

Exemplo: A primeira vez que vemos os Fremen cuspindo no chão diante do Duque Leto parece um insulto. Mas logo descobrimos que cuspir é um sinal de respeito, porque significa compartilhar água. Essa é uma maneira sutil e poderosa de revelar informações sem precisar de exposição excessiva.

Afinal, se você quiser aprender mais sobre como apresentar um mundo fictício de forma natural, esse artigo é essencial:

4. O Silêncio Também Conta Histórias

Denis Villeneuve entende que nem tudo precisa ser dito. Um olhar, um silêncio, um tempo maior em uma cena muitas vezes comunicam mais do que um diálogo explicativo. Por outro lado, em Duna, há momentos em que sentimos a grandiosidade da história apenas pelo que não é dito.

Como aplicar isso na sua escrita:

Seja no seu roteiro, livro ou artigo, às vezes, menos é mais. Deixe espaço para o público interpretar.

Dica para escritores: Em vez de escrever “ele estava triste”, mostre a tristeza com gestos e reações. Isso torna a narrativa mais envolvente.

Se você quer estudar como o silêncio pode ser uma ferramenta poderosa na narrativa, confira esse estudo sobre “O Poder do Não Dito”:

Conclusão: A Areia do Tempo e as Lições de Duna

Por exemplo, o que faz Duna ser tão impactante não é apenas a fotografia incrível ou os efeitos especiais. É o fato de que ele respeita a inteligência do público, entrega uma história rica e bem construída e trata cada personagem com profundidade.

Se você escreve – seja um livro, um roteiro, um artigo ou até posts para redes sociais – além disso, você pode aprender muito com Duna:

– Construa sua história com calma, mas sem ser monótono.
– Crie personagens que tenham camadas reais.
– Apresente seu mundo de forma natural, sem despejar informações demais de uma vez.
– Use o silêncio e os gestos para comunicar emoções.

E aí, qual foi a cena de Duna que mais te impactou? Então, vamos conversar nos comentários!

Além disso, tem as Criticas – Foto: Portal Nerd – Divulgação

Foto do Cartaz de lançamento nos cinemas: Duna – Theatrical Release Poster MAX – Divulgação

Veja mais artigos da Autora Juliana Umbelino: https://egonoticias.com/author/juliana-umbelino/

Juliana Umbe̊lino

Escritora e social media, atua com revisão e produção de conteúdo para web. Editora e redatora web e SEO para WordPress há mais de 16 anos. É autora publicada pela editora Qualis. Apaixonada por livros, filmes, séries, quadrinhos, teatro e música (principalmente folk, soul e rock'n'roll). É uma nerd raiz, por assim dizer.

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