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Derrota enorme para prefeito diz curador da exposição


Queermuseu foi fechada sob acusações de estímulo a pedofilia e zoofilia enquanto estava em cartaz no Rio Grande do Sul. Inauguração da mostra no Parque Lage, Zona Sul do Rio, neste sábado (18) teve protesto pacífico. Vetada no começo do ano pelo prefeito Marcelo Crivella, exposição Queermuseu é inaugurada no Parque Lage
Bruno Albernaz/G1
Em meio a protesto pacífico, foi inaugurada na manhã deste sábado (18) nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Zona Sul do Rio, a exposição “Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”. Restrita a maiores de 14 anos por decisão judicial expedida na véspera, a abertura do evento foi marcada por protesto pacífico.
A estreia da mostra, segundo o curador Gaudêncio Fidelis, é uma derrota para o prefeito Marcelo Crivella, que impediu sua exibição no início do ano.
A exposição foi fechada durante sua passagem no Rio Grande do Sul sob acusações de estimular a pedofilia e zoofilia. No Rio, o prefeito vetou a exibição no Museu de Arte do Rio. Em conversa com o G1, o curador da Queermuseu, Gaudêncio Fidelis, disse que não espera uma visita da Prefeitura do Rio.
“Eu pessoalmente não espero uma visita. O prefeito tomou uma atitude de caráter difamatório e mentiroso porque ele nunca viu a exposição. Ele repetiu a narrativa de que a exposição tinha pedofilia, zoofilia e outras questões sem nem ao menos conhecer. É chocante um comentário desses por ser um líder de uma das cidades mais importantes do mundo”, disse Gaudêncio.
“Ele é um fundamentalista fanático, ele vem demonstrando isso diariamente. Acho que é uma derrota enorme para o prefeito ver a exposição reabrindo na sua própria cidade”, completou.
Curador Gaudêncio Fidelis participa da montagem da Queermuseu no Parque Lage
Divulgação/ Gabi Carrera
Acervo menor no Rio
No Sul, mais de 32 mil pessoas visitaram o espaço e a expectativa é de que o público seja maior na Cidade Maravilhosa. Ainda sobre as obras que foram alvo de críticas, Gaudêncio disse que as peças sofreram críticas injustas.
Obra de Adriana Varejão foi acusada de estimular zoofilia
Divulgação
“Nós tivemos cinco obras que foram eleitas para construir aquela narrativa difamatória. Duas foram acusadas de vilipendio e difamação de símbolos religiosos. Outras duas de apologia à pedofilia e uma quinta, apologia à zoofilia. A obra da Adriana Varejão é uma sequência de cenas que fala sobre as mazelas da colonização do Brasil. Um pedaço dela que foi editado e atacado por críticas”.
A exposição irá contar com menos 10 obras do que o projeto inicial. O ajuste foi necessário por causa do espaço, mas não haverá interferência na integridade conceitual da exposição, garante o curador.
Obra de Bia Leite foi alvo de críticas
Divulgação
“Serão 214 obras de 82 artistas. Por causa do espaço que temos aqui, a gente tirou algumas peças. Mas não interferiam na integridade conceitual da exposição. Ela tem originalmente uma construção arquitetônica e conceitual intercambiáveis. Obras que são uma em frente a outra, nós refizemos essa montagem para manter a integridade disso. Todas as que foram alvo de críticas estão mantidas”, disse Gaudêncio.
A Queermuseu pretende promover um debate sobre gênero e sexualidade. Após a polêmica, o curador acredita que o público poderá visitar o espaço e entender que as obras não correspondem com uma narrativa difamatória que foi propagada.
“A exposição foi concebida inicialmente com a perspectiva de abrir um extenso debate na sociedade brasileira sobre expressão e identidade de gênero. Queremos abordar também questões da percepção da diferença e diversidade, essas questões refletidas num extenso debate sobre gênero e sexualidade”.
Imagem foi acusada de difamação de símbolos religiosos
Divulgação
Protesto de cunho religioso
De maneira pacífica, cerca de 20 pessoas carregando cartazes protestaram contra a exposição na abertura da mostra. O ato foi realizado por membros do Centro Dom Bosco, Templários da pátria, liga cristã mundial e cristãos independentes.
Grupo religioso e ativista LGBT discutem na abertura da mostra Queermuseu no Rio
“Nós viemos fazer um protesto mas não é contra a exposição. Viemos protestar contra alguma peças que estão sendo expostas. Peças que atacam diretamente os símbolos cristãos. Como a imagem de Cristo, a imagem da Virgem Maria, e mostram um homem negro sendo currado por dois homens brancos e imagens de pedofilia. Somos contra essas peças. “, diz Eduardo Oliveira, diretor geral da Liga cristã mundial no Rio de Janeiro.
O nome de Marielle Franco foi lembrado durante cantoria de abertura da exposição. Pelo menos 30 mulheres tocavam instrumentos de percussão antes da abertura oficial do Queermuseu.
Grupo religioso protestou contra a abertura da exposição Queermuseu no Parque Lage, Zona Sul do Rio
Bruno Albernaz/G1
Serviço
A exposição Queermuseu pode ser visitada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no bairro Jardim Botânico, Zona Sul do Rio até o dia 16 de Setembro.
O horário de visitação será de segunda a sexta, das 12h às 20h. Aos sábados e domingos, das 10h às 17h. Entrada gratuita.
Fonte: http://g1.globo.com/dynamo/pop-arte/rss2.xml

Marcos Morrone

Nascido em São Paulo Capital. CEO do Grupo Morrone Comunicações Ltda.

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