Buracos negros será o fim do tempo
Têm de fato uma gravidade absurda o bastante para fazer com raios de luz aquilo que o ralo da pia do seu banheiro faz com a água da torneira. “Gravidade”, vale lembrar, não é exatamente uma força.
Ela é a forma como sentimos distorções no espaço – não no espaço sideral, mas no “espaço” à nossa volta mesmo, aquele composto por uma dimensão de comprimento, uma de altura e uma de largura.
É como se lembrar de Albert Einstein como um bom violinista – coisa que ele era mesmo; Elsa, sua segunda esposa, disse ter se apaixonado pelo maior físico da história depois que ele “tocou Mozart no violino de forma maravilhosa”.
Buracos negros será o fim do tempo
Primeiro registro
No dia 10 de abril de 2019, o ESO junto a um grupo de observatórios de rádio publicou os resultados de uma observação feita a partir de 9 radiotelescópios ao redor do mundo que juntos criaram um telescópio virtual com o diâmetro da Terra. Imagens registradas em ondas de rádio em 2017 revelaram o horizonte de eventos e o disco de acreção ao redor do buraco negro supermassivo, com massa de 6,5 bilhões de vezes a do sol, localizado no centro da galáxia Messier 87, no aglomerado de virgem a 55 milhões de anos luz da Terra
Um objeto com massa – seja um alfinete, seja a Terra, seja o Sol – entorta o “tecido do espaço”. Um raio de luz vindo de alguma estrela acaba desviado pela gravidade do Sol, pois é o próprio espaço pelo qual a luz se propaga que está se curvando.
Tal curvatura, porém, é suave demais para tragar os raios, então eles passam pelo Sol como os pneus de uma Land Rover vencem um buraco de estrada.
Com um buraco negro é diferente. Ele entorta tanto o tecido do espaço que os raios de luz caem lá dentro e acabam presos para sempre. Daí a escuridão da coisa. Ilumine-o com uma lanterna e você não vai ver nada. Ele vai sugar os raios da lanterna. Mas, não, essa não é a propriedade mais interessante dos buracos negros.
Buracos negros devora o tempo
Se você pudesse se aproximar do centro de um buraco, um segundo para você equivaleria a um século aqui na Terra. Se alguém pudesse te ver daqui, enxergaria o seu corpo como uma estátua.
Congelado. Você precisa de quase um século para completar uma piscada de olho, afinal.
Depois piora. Cada centímetro a mais que você cai em direção ao centro do buraco aumenta esse déficit temporal.
Mais um pouco e um segundo seu vai durar um milhão de anos na Terra. Depois um bilhão. Uma hora não vai mais ter Terra, nem Sol, nem Via Láctea. Nem nenhuma estrela acesa.
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Foto: NASA DINO – Divulgação / Arquivo Pessoal
Fonte: Assessoria de Imprensa
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