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Reestreia de Hotel Mariana na Oficina Cultural Oswald de Andrade

Hotel Mariana - Foto Divulgação

Com ingressos gratuitos, espetáculo fala sobre o desastre ambiental de Mariana sob a perspectiva da história dos sobreviventes
Em sua quarta temporada na cidade de São Paulo, o espetáculo HOTEL MARIANA está de volta a São Paulo e reestreia na Oficina Cultural Oswald de Andrade no próximo dia 21 de janeiro, segunda, às 20 horas. Com os autores Munir Pedrosa e Herbert Bianchi indicados ao Prêmio Shell pelo texto, a peça foi criado a partir de relatos de sobreviventes da tragédia de Mariana (MG), que ocorreu em novembro de 2015.
Hotel Mariana – Foto Divulgação
Munir Pedrosa, idealizador e pesquisador do projeto, conversou com moradores da proximidade da barragem uma semana após o desastre. Em conjunto com Herbert Bianchi realizou a dramaturgia da peça que usa a técnica verbatim e tem em cena atores que usam fones de ouvido e reproduzem instantaneamente os relatos reais que estão ouvindo.
Hotel Mariana – Foto Divulgação
Entre mais de 250 projetos, Hotel Mariana foi contemplado pelo ProAC Edital de Obras Inéditas no ano de 2016. Em maio de 2017 o espetáculo estreou no teatro do grupo Os Satyros, palco alternativo da cena paulistana. A temporada cumpriu o total de 31 apresentações, a maioria delas com lotação esgotada, finalizando com grande sucesso de público e crítica, sendo indicado ao Prêmio Shell na categoria autor. A segunda temporada foi no início de 2018, no Sesc Vila Mariana, dessa vez adaptado para o palco italiano. Novamente tivemos um grande sucesso de público e crítica, com ingressos antecipadamente esgotados e sessões lotadas. A terceira temporada foi na Biblioteca Mario de Andrade (2018), onde mais uma tivemos um grande sucesso.
“Passaram-se três anos e o caso continua com culpados sem pagarem pelos seus crimes. Um total descaso da empresa e autoridades com àquelas pessoas e suas vidas. Já circulamos com a peça na capital paulista e por algumas cidades do estado, mas gostaríamos de levar as histórias de Mariana para outros lugares e isso está nos nossos planos para 2019”, conta Munir.
Hotel Mariana – Foto Divulgação
SINOPSE
Eram quase três e meia da tarde de 5 de novembro de 2015, um dia quente, como de costume no vale do Rio Doce, quando a barragem de rejeitos de minérios de Fundão, em Mariana-MG, com cerca de 55 bilhões de litros de lama espessa, rompeu-se sobre os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo. Depoimentos perturbadores e surpreendentes são colocados no palco e evidenciam a simplicidade de pessoas que perderam tudo ou quase tudo o que tinham. Da criança do grupo escolar ao velho da folia de reis, do ativista de direitos humanos à aposentada que escreve poemas, somos convidados a escutar os sobreviventes que, com suas histórias, traçam um panorama político, histórico e cultural do nosso país.
SOBRE A MAIOR TRAGÉDIA AMBIENTAL DA HISTÓRIA DO BRASIL
No dia 5 de novembro de 2015, a cidade histórica de Mariana (MG), que fez parte da Estrada Real criada ainda no século XVII, foi o cenário principal do maior desastre ambiental da História do Brasil. Por volta das 16h, a barragem de Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu, provocando o vazamento de 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério, matando 19 pessoas (entre moradores e funcionários da empresa), destruindo centenas de casas e deixando milhares de pessoas desabrigadas. O vazamento, considerado o maior de todos os tempos em volume de material despejado por barragens de rejeitos de mineração, provocou também a morte do Rio Doce e danos ambientais que se estenderam aos estados do Espírito Santo e da Bahia.
Nas cidades onde estão instaladas empresas desse tipo, é comum que haja sirenes de emergência para alertar a população em caso de algum acidente. No caso de Bento Rodrigues, distrito mais próximo à barragem e devastado pela lama, não havia esse sistema de emergência. Segundo a Samarco, o seu plano de contingência foi apenas ligar para os líderes comunitários alertando sobre a tragédia. No entanto, além do plano de ação de emergência da empresa ter sido precário, os moradores não teriam recebido qualquer informe da empresa sobre o acidente ou orientações para deixar a área. Com isso, o tsunami de lama, assim que chegou ao distrito de Bento Rodrigues – área mais atingida, vizinha à barragem – levou somente 12 segundos para devastar o local, que teve cerca de 80% de suas 257 construções destruídas. E só não provocou mais vítimas porque alguns funcionários da empresa correram até o vilarejo para alertar parentes e amigos.
Hotel Mariana – Foto Divulgaçao
A coleta de água do Rio Doce, contaminado pelo rompimento, foi suspensa assim que a coloração da água ficou mais escura. Com isso, o abastecimento de água para os cerca de dois mil moradores que estavam em abrigos foi afetado, prejudicando a assistência às vítimas. O acidente não ficou restrito apenas ao estado de Minas Gerais. Ao todo, 39 cidades foram afetadas e 11 toneladas de peixes foram mortos. Devido à extensa área atingida, a fauna e a flora do Rio Doce ficaram ainda mais vulneráveis: ecossistemas e espécies que já eram ameaçadas por atividades predatórias e impactos da indústria, agricultura e mineração, passaram a correr sério risco de extinção. De acordo com alguns dados, décadas, ou até um século, serão necessárias para a recuperação da bacia.
Para roteiro
HOTEL MARIANA – Reestreia dia 21 de janeiro, segunda, às 20 horas. Temporada – Até 12 de fevereiro, segundas e terças, às 20 horas. Duração – 70 minutos. LivreIngressos – Grátis (distribuídos uma antes do espetáculo).
FICHA TÉCNICA
Elenco
Anna Toledo
Bruno Feldman
Clarissa Drebtchinsky
Fani Feldman
Isabel Setti
Letícia Rocha
Marcelo Zorzeto
Munir Pedrosa
Rita Batata
Rodrigo Caetano
Idealização e pesquisa: Munir Pedrosa
Direção: Herbert Bianchi
Dramaturgia: Munir Pedrosa e Herbert Bianchi
Assistente de direção: Letícia Rocha
Designer de luz: Rodrigo Caetano
Operador de Luz: Ricardo Bretones
Cenário: Marcelo Maffei
Figurinos: Bia Piaretti e Carol Reissman
Direção de produção: Munir Pedrosa
Produção: Cia da Palavra e MUN Cultural
Realização: Prefeitura de São Paulo – Cultura e Prêmio Zé Renato
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo, SP Capacidade – 60 lugares
Fonte: Vanessa Fontes
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