Planos para Futuro adiamento dos Jogos Olímpicos

Rodolfo Bracali

4 anos atrás

Planos para Futuro adiamento dos Jogos Olímpicos.

Uma das principais atletas do Rugby brasileiro, Beatriz Futuro, do Niterói Rugby, pretendia encerrar a carreira no final do ano, com mais uma participação olímpica no currículo: “frustrante, mas vou manter a motivação”

As Olimpíadas já mudaram os rumos da carreira de Beatriz Futuro, a Baby, uma vez. Agora, outra mudança de planos é possível. Por causa do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que aconteceriam neste ano e foram adiados (ainda sem data definida) em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a veterana e capitã da seleção brasileira de Rugby terá de decidir sobre o prolongamento da carreira. Aos 34 anos, estender mais um ano da vida profissional em um esporte de alto rendimento e impacto não é fácil, apesar de Baby se dizer uma privilegiada por conseguir viver do Rugby.

Alem disso, o adiamento das olimpíadas mudou minha cabeça

“Eu pretendia me aposentar no final do ano, depois do campeonato brasileiro. Agora fica essa dúvida. Será que aguento? Será que meu corpo aguenta mais um ano? Eu já estava contando as semanas, e acaba sendo frustrante. Mas temos que manter a motivação, porque é sempre um sonho, e é o nosso trabalho também”, diz a atleta, que atualmente mora em São Paulo, mas continua defendendo o Niterói Rugby, seu clube de coração, em todos os campeonatos. Além de treinar com a seleção, divide o seu tempo em reuniões com a diretoria do clube onde é técnica e com a Comissão de atletas do Comitê Olímpico Brasileiro. Tudo online, em tempos de isolamento.

A carreira profissional de Beatriz Futuro no Rugby começou depois de uma viagem para a Austrália, país reconhecido por ser um dos principais na modalidade. Depois de se formar em Belas Artes na UFRJ, foi para a Oceania, onde estudou e jogou em uma liga mais forte. Trouxe na bagagem um novo idioma no currículo e mais experiência de jogo no esporte que pratica desde os 14 anos de idade. Com o Rugby se tornando olímpico em 2012, era hora de deixar o hobby de lado e ingressar no profissionalismo, através das bolsas de incentivo aos atletas. Uma realidade boa, mas distante do ideal. Ainda hoje, e apesar de bons resultados, o Rugby, como os demais esportes no Brasil, sofre com a falta de patrocínios e uma estrutura que o ajude a se tornar mais forte.

Antes de mais nada, os Planos para Futuro adiamento

Ainda por cima, “É preciso repensar as estruturas, entender o formato do Rugby atual. Os grandes clubes são mini empresas. Assim também, os clubes têm que ser sustentáveis e ter renda além das mensalidades. Precisam de patrocinadores. Assim, hoje está se criando uma distância cada vez maior entre os clubes menos profissionalizados e os mais profissionalizados. De fato, é caro jogar Rugby”, explica Baby.

No entanto, se o esporte não consegue chegar ainda no que poderia ser considerado o modelo perfeito e oferecer o melhor dos mundos em termos de estruturas, há outras inúmeras razões para manter vivo o gosto pelo esporte e seguir em frente.

E poderia ser o reconhecimento como uma das jogadoras de ponta no mundo, ou as competições e os muitos títulos enfileirados ao longo dos 21 anos de prática. Baby é bicampeã brasileira (Super Sevens), 12 vezes campeã estadual do Rio de Janeiro, 13 vezes campeã sul-americana com a seleção brasileira, bronze em Jogos Pan Americanos e tem participações marcantes em mundiais e Olimpíada, entre outras conquistas. Mas o rugby é também afeto, laços familiares e ensinamentos para a vida inteira.

Principalmente, Planos para Futuro adiamento

“A minha jornada no Rugby e minha trajetória no Niterói, que defendo desde sempre, são uma história de amor. Porque ainda nova fui entendendo a hierarquia, a disciplina, vivendo intensamente o clube. Sou grata ao Rugby por tudo o que me trouxe de formação como pessoa, me ensinou o que é certo, errado, e o que faz sentido para a gente. E também me trouxe as pessoas”, conta Beatriz, que lembra que as irmãs que deram o primeiro passo no esporte, até então visto como “muito bruto”. “Eu percebi logo vendo minhas irmãs jogarem que o Rugby tem valores diferentes, tem cultura, não é só um jogo muito físico”.

Beatriz Futuro pelo Niterói Rugby: Bicampeã brasileira
Luis Claudio Amaral/Divulgação

Planos para Futuro adiamento dos Jogos Olímpicos — Beatriz Futuro pelo Niterói Rugby: Bicampeã brasileira
Luis Claudio Amaral/Divulgação

Bem como, Baby considera o Niterói Rugby como a sua fonte de ídolos e de amizade.

E não tem problema se o clube passa por alguns percalços. Sempre foi assim e é assim o esporte de verdade, a forma mais comum de encarar os desafios longe do glamour das grandes competições. “As dificuldades são a cola que nos une, mantêm o time junto em busca de um objetivo”, afirma. Um sonho específico para o clube, porém, não é difícil de apontar: o campo.

“O que nos deixa ansiosos é a construção da nossa sede, que já está em andamento. É um dos fatores que nos tornaria ainda maiores, e é o que queremos há muitos e muitos anos. Vai ser maravilhoso ter a nossa casa”, conta Baby.