Os desafios da segurança pública nos EUA
Não é novidade para ninguém que a segurança pública nos Estados Unidos é um tema de extrema relevância que atinge o mundo inteiro. Afinal, estamos falando da maior potência mundial. O aumento da criminalidade, particularmente em algumas áreas urbanas, tem sido motivo de grande preocupação, exacerbado por crises sociais e econômicas desencadeadas pela pandemia de COVID-19.
De acordo com o relatório mais recente do Federal Bureau of Investigation (FBI), a taxa de crimes violentos no país, que inclui homicídios, roubos, estupros e agressões graves, registrou um aumento nos últimos anos. Em 2022, foram reportados cerca de 1,3 milhão de crimes violentos. A pandemia, sem dúvida, desempenhou um papel significativo nesses números. O isolamento social, a perda de empregos e os impactos na saúde mental criaram um ambiente propício para a elevação da violência em várias regiões do país.
Movimento Black Lives Matter
Além da criminalidade, a relação entre as forças de segurança e a sociedade americana tornou-se um ponto central do debate sobre segurança pública. A morte de George Floyd, em 2020, e o subsequente fortalecimento do movimento Black Lives Matter, abriram um diálogo nacional sobre a reforma policial. De acordo com pesquisas do Pew Research Center, 58% dos americanos acreditam que as forças policiais precisam de reformas profundas, enquanto 36% ainda confiam no funcionamento atual das instituições policiais. Esta divisão reflete a crescente polarização social e política nos EUA, alimentada por tensões raciais e discussões sobre o uso da força.
120 armas para cada 100 habitantes
Outro fator que contribui significativamente para os desafios da segurança pública nos Estados Unidos é o fácil acesso às armas de fogo. O país tem a maior taxa de posse de armas entre os países desenvolvidos, com uma média de 120 armas para cada 100 habitantes, segundo o Small Arms Survey. Para se ter uma ideia, mais de 45 mil americanos perderam suas vidas em 2022 devido a ferimentos relacionados a armas de fogo.
Contudo, a segurança pública nos EUA vai além da violência nas ruas. A segurança cibernética é cada vez mais um dos principais desafios da atualidade, com os Estados Unidos sendo um dos países mais afetados por crimes virtuais. De acordo com a empresa de segurança cibernética Cybersecurity Ventures, os custos globais associados ao crime cibernético devem atingir US$ 10,5 trilhões por ano até 2025.
Inteligência Artificial (IA) e Big Data
Felizmente, o uso de tecnologia de ponta tem oferecido algumas soluções, com ferramentas de Inteligência Artificial (IA) e Big Data, que estão sendo integradas ao policiamento preventivo. Empresas como a PredPol, por exemplo, utilizam algoritmos para prever comportamentos criminais com base em dados históricos, permitindo que as forças policiais direcionem suas patrulhas de maneira mais eficiente.
De fato, para enfrentar esses desafios, os governos estaduais e federais têm implementado medidas significativas. Um exemplo é a aprovação da Bipartisan Safer Communities Act em 2022, que trouxe novos controles para armas de fogo e financiamento para programas de saúde mental. Além disso, a administração Biden tem promovido investimentos em policiamento comunitário e segurança cibernética, buscando reduzir a criminalidade e melhorar a relação entre a polícia e as comunidades.
Em síntese, a segurança pública nos Estados Unidos está em um processo contínuo de transformação. Embora a criminalidade tenha aumentado nos últimos anos, os esforços voltados para reformas no sistema de justiça, controle de armas e fortalecimento da cibersegurança indicam um caminho promissor. O verdadeiro desafio, porém, está em encontrar o equilíbrio entre garantir a segurança da população e preservar os direitos civis e a justiça social, temas que continuarão a moldar o futuro da segurança pública no país.
Sobre o autor:
Helbert Agostinho Alves é comunicador e palestrante e possui conhecimento em legislação, técnicas policiais, uso progressivo da força, direitos humanos e práticas de conduta policial. Ao longo de sua carreira, adquiriu experiência prática em patrulhamento radiofônico, competência em operações, resposta a incidentes, apreensão de armas, prisões e apreensão de drogas.
Implementou o Programa Jovens Construindo a Cidadania, impactando cerca de 4 mil jovens em educação cívica e prevenção à violência. Possui, ainda, experiência em comunicação social, utilizando a mídia para fortalecer o relacionamento com a comunidade e assim, ele promover a conscientização sobre segurança.
Tem diploma no Curso Especial de Formação de Sargentos/CEFS, Curso de Formação de Cabos/CFC e Curso de Formação de Soldados/CFSD, todos pela Polícia Militar de Minas Gerais. Após sua transferência para a reserva do Exército Brasileiro, Helbert continuou a difundir seu conhecimento por meio do canal no YouTube “Comando 33”, que foca em temas de segurança pública.
Fotos: Freepik / Divulgação
Por: Helbert Agostinho Alves
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