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One Day At A Time: a série que aborda temas fortes e atuais para ver em família

One Day at a Time é uma sitcom norte-americana. É um remake de uma série que leva o mesmo nome e foi exibida de 1975-1984. A versão atual é uma produção da Netflix. Foi desenvolvida por Gloria Calderon Kellett e Mike Royce, com Norman Lear como produtor executivo.

Humor ácido e atual

Resumindo, a série retrata o cotidiano de uma família cubano-americana e cada personagem possui peculiaridades que rendem ótimas reflexões e risadas. Os temas, atuais e abordados de forma inteligente, levam às lágrimas e crises de risos.

One Day At A Time: a série que aborda temas fortes e atuais para ver em família
Imagem: reprodução

A trama gira em torno da matriarca Penelope, uma veterana do Corpo de Enfermagem do Exército dos Estados Unidos. Um tema recorrente é seu retorno à vida civil nos EUA, incluindo sessões de terapia com outras ex-veteranas que levantam outros temas também polêmicos e sensíveis, sempre de maneira bem humorada.
Agora ela trabalha como enfermeira e enfrenta um processo de separação do marido, também veterano e que encontrou no álcool a fuga do seu estresse pós-traumático relativo ao seu trabalho no Exército.
O cenário da série é um lar composto por Penélope, seus filhos adolescentes Elena e Alex e sua mãe, Lydia. Aliás, Lydia é uma refugiada que deixou Cuba na época em que Fidel Castro tomou poder. Juntas, mãe e filha criam os dois adolescentes com muito drama, cubanidades e bom humor.

Saúde mental

Um tema abordado com muita sensibilidade é a questão da saúde mental da própria Penélope, que tem dificuldade em aceitar a medicação para tratar sua depressão. De forma genial a série mostra as nuances de quem está tentando melhorar e não consegue aceitar o tratamento como parte do processo.

Elena, filha mais velha de Penélope, descobre aos 14 anos que é lésbica. Após períodos de indecisão sobre a melhor maneira de revelar o assunto para a família, Elena sai do armário e até arruma uma namorada, a nerd Syd (atenção para as referências nerds e fantasias relacionadas à Doctor Who!).

Imagem: reprodução “Ei, mãe, eu acho que gosto de garotas”

Não podemos deixar de lado a importância do homem branco privilegiado representado pelo caricato Schneider, dono do prédio que tenta a todo custo se mostrar parte da família cubana.

One Day at a Time vai além

A série vai além das questões que comunidades hispânicas e famílias no geral enfrentam. Com dignidade, traz à tona tópicos como depressão e ansiedade, vícios, sexualidade, identidade de gênero, religião, maternidade solo, sexismo, privilégios, relacionamentos na terceira idade, xenofobia, puberdade, conflitos perante divórcio…

Em fevereiro desse ano a terceira temporada estreou com tudo, mostrando que sabe bem a que veio e como abordar de maneira brilhante questões incômodas mas presentes na maioria dos lares.

De maneira didática, o seriado mostra que a intolerância no mundo existe, é real e afeta as pessoas de diferentes maneiras. É o tipo de série que te mostra que além de compreender é preciso questionar e desconstruir muitas questões na nossa sociedade – principalmente as que fingimos não ver. Alex, o caçula, é um ponto muito forte de desconstrução na terceira temporada. Suas atitudes são questionadas, castigadas e problematizadas pelas mulheres da família. Tudo isso só prova que a série mostra que basta querer e agir de maneira coerente para criar seres humanos melhores. Forte para um sitcom, não é mesmo?

Imagem: reprodução

Personagens

Enfim, a comédia trabalha muito bem os mínimos detalhes em cada personagem, aproveitando seus pontos fortes e fracos de maneira equilibrada. Sem muitas dualidades, mostrando humanidade, erros, acertos e construção moral de cada um deles (não importa a geração ou visão de mundo, todo personagem evolui, menos o Dr. Leslie). Os assuntos provocadores deixam pulgas atrás da orelha e vê-lo em família é excelente até mesmo para tratar de forma menos dura assuntos que estão presentes no nosso cotidiano.

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Você pode terminar um episódio em prantos e se questionando sobre a “responsabilidade” das mulheres desconstruindo a masculinidade tóxica e pode se emocionar ao identificar características de personagens em pessoas que convive. Aliás, é impossível não se identificar. Pois até a dificuldade de equilíbrio entre pais e filhos é constantemente abordada e de maneira descontraída.

Imagem: reprodução “O que diabos é Latinx?”

Visibilidade

Então, de maneira inteligentíssima a série dá visibilidade e mostra que, sim, existem pessoas não-binárias! Aliás, de forma respeitosa e sagaz, faz piada com a dificuldade que existe em entender esses conceitos (principalmente quando não se tem contato com comunidades LGBT). Resumindo: prova que não é impossível fazer humor que envolva gays e lésbicas sem ofender ninguém.

Por fim e sem muitos spoilers: assista a série com seus filhos, seus pais, seu companheiro(a) e divirta-se! Porque séries como One Day at a Time como essa merecem mais destaque. Pois vão muito além do entretenimento.

FotosDivulgação

Fonte: Juliana Umbelino
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