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Capital do Brasil completa 61 anos e encara a maturidade

 Novo estilo de vida marca o aniversário da capital

Capital do Brasil completa 61 anos e encara a maturidade. Assim, uma Brasília diferente, que Juscelino Kubitschek não poderia nem imaginar há 61 anos. Comércios fechados, pontos turísticos vazios e muitos trabalhadores em um ambiente diferente daquele desenhado e planejado por Oscar Niemeyer: o virtual.

A capital do país viveu seu primeiro ano de cidade madura imersa em um cenário nunca visto ao longo de sua história. “Uma imagem do início das medidas restritivas me marcou. Em uma caminhada eu não vi ninguém na rua. Aquilo me chocou muito”, descreve a servidora pública federal Tatiane Martins.

Trabalho em casa

Nascida em Brasília e mãe de três filhos, em idades escolares diferentes, ela se viu da noite para o dia tendo que conciliar atividades domésticas, didáticas e profissionais em um mesmo ambiente: o home office. “Ainda tinha a questão emocional, que no início não sabíamos como iria ser, o que poderia acontecer com essa doença”, lembra.

Tatiane foi uma dos quase 300 mil servidores públicos federais que trabalham em Brasília e surpreenderam com a mudança na rotina. “Eu nunca tinha feito home office, então, no início, até eu entender e montar uma rotina levou tempo. Aos poucos eu consegui, mas muita coisa mudou, até hoje é bem diferente do que eu vivi por anos”, diz.

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No início das medidas restritivas, em 2020, o engenheiro civil do Ministério da Economia Bruno Queiroz também permaneceu exclusivamente em home office por quatro meses, mas com os ajustes nas medidas de segurança sanitária, ele retomou algumas atividades presenciais necessárias à natureza de sua atividade de fiscalizar obras. “É muito estranho, quando eu preciso ir ao trabalho, me deparar com uma população que está em 15% do que costumava ver”, descreve Bruno.

O engenheiro conta que, no órgão em que trabalha, a implantação do home office estava em estudo para vir a ser aplicada parcialmente, mas a pandemia acabou acelerando o processo e incluído quase todo o quadro, inicialmente. Para Bruno, a troca do ambiente de convivência com os colegas de trabalho por um ambiente virtual é a parte mais difícil. “Aquela pausa para o cafezinho, aquele bate-papo que, às vezes, dava aquela quebrada na rotina e tornava o trabalho menos cansativo, acaba se perdendo no ambiente virtual”, explica.

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Fechando e abrindo portas

Segundo o presidente da Confederação dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal, Wagner Silveira, alguns segmentos do comércio alavancaram, em detrimento de outros. “Bares, restaurantes, eventos e academias foram os mais afetados. Enquanto que os seguimentos de internet, e-commerce, marketplace e material de construção bombaram”. Complementa “nós esperávamos que o e-commerce em três ou quatro anos fosse chegar ao nível que chegou em 2020”.

Esse aumento na demanda foi sentido diretamente na empresa de e-commerce que atua no mercado de Brasília e do Centro-Oeste, onde Hugo Cândido ocupa o cargo de CEO. “A empresa cresceu 61%, o esperado era 20%, então crescemos três vezes mais que o esperado”, afirma.

Hugo conta ainda que a maior parte dos clientes que procuraram a empresa era comerciantes locais que estavam com seus comércios fechados e precisavam vender no mundo digital imediatamente. “Nós poderíamos ter crescido muito mais se tivéssemos pensado meramente na parte econômica, mas nós também decidimos ajudar as pessoas”, conta.

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Não foram todos os comércios que conseguiram se adaptar a uma versão digital. A servidora pública Tatiane Martins revela que ao longo do último ano, o número de comércios locais fechados foi outra mudança no cenário da cidade que chamou a atenção. “Eu lamento muito por estabelecimentos muito tradicionais que a gente passa e vê que foram fechados. Restaurantes que, desde que eu era menina, eu frequentava e hoje não existem mais.”

Na avaliação do presidente da CDL-DF, “os comércios que fecharam as portas eram os que já estavam em situação de vulnerabilidade, seja por questões administrativas ou por dificuldades em se modernizar.”

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Cultura online

Wagner Silveira diz que embora tenham sido muitos os comércios que fecharam as portas por causa da pandemia, outros muitos viram na crise uma oportunidade de crescimento.

Essa foi a situação de uma das mais tradicionais casas de evento de Brasília, o Clube do Choro. “Foi um impacto muito grande porque nossas portas estão fechadas desde março de 2020”, afirma o violonista e diretor do Clube do Choro de Brasília, Henrique Neto.

Segundo ele, com um impacto direto na vida de quem trabalha no espaço e dos que vivem da cultura em Brasília, o Clube do Choro teve que se reinventar e criou atividades híbridas em que um mínimo de pessoas trabalhavam dentro do espaço e o público acessava por meio das redes sociais e de outras plataformas digitais. “Criamos o Instagram e o canal no Youtube do Clube do Choro, que agora está com uma programação bastante ativa” explica.

Além disso, novas programações que produziram para aumentar a interação com o público usual, por meio desses espaços virtuais, como o programa Papo com o Reco do Bandolim e a programação para a celebração dos 60 anos de Brasília, que aconteceria presencialmente em 2020,  será totalmente online, este ano, com o nome Brasília 60 anos + 1.

Turismo

A importância das pessoas no ambiente urbano foi mais um aspecto destacado por Tatiane. Então, a partir da percepção que teve nos momentos em que circulou em Brasília no último ano. Os prédios monumentais com obras de arte, vitrais e mobiliários. Isto é,  talvez nunca tenham estado tão distantes do olhar próximo de quem visita a cidade ou vive nela.

O prédio do Clube do Choro é também considerado um ponto turístico, mas que permaneceu sem visitantes nos últimos meses.

“Uma das alternativas é um projeto chamado Complexo Cultural do Choro. Projeto com programação aos finais de semana onde promoveremos feiras com uma programação variada musical e artística. Aproveitando e integrando as áreas externas entre o Clube do Choro e a Escola de Choro Rafael Rabello”, afirma Henrique.

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Pensando na revitalização desses espaços, a Secretaria de Turismo do Distrito Federal divulgou rotas para passeios abertos durante a pandemia. Como por exemplo, a Rota Náutica, com opções de passeio e vistas em toda a orla do Lago Paranoá. Bem como, as rotas Cívica, Arquitetônica e Cultural. “A ideia foi mostrar que Brasília é muito mais além do que a maioria das pessoas imaginam”. Afirma a secretária de Turismo do Distrito Federal Vanessa Mendonça.

O setor também recebeu toda a assistência por meio do programa “Juntos por Brasília e Juntos pelo Turismo”.  Onde realizarams ações para recuperação financeira do setor. Assim como,  a criação de protocolos para eventos e para atendimento no setor hoteleiro. E, além da criação de uma plataforma digital para comercialização da produção dos artesões.

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Com o retorno gradual das atividades o setor também se transforma com o crescimento do turismo rural que, aumentou 40% durante a pandemia. “O turismo rural representa geração de emprego e a possibilidade de manter as famílias com a perspectiva de desenvolvimento”, afirma Vanessa.

Brasília se fortalece pelas mãos de cada um dos habitantes que lutam para que lembrem essa página da história da capital federal. “Quando esse momento terminar, a gente vai vir fortalecido”, conclui o musico brasiliense Henrique Neto.

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Na Mídia, Divulgação

Edição:: Alessandra Esteves

Fotos: Divulgação / Acervo Pessoal

Fonte: Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil – Brasília

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Uiara Zagolin

Jornalista, Editora do portal Na Midia, colunista no Brazilian Times nos EUA e High Profile Magazine UK, Vice Presidente da APACOS, Diretora de Rel. Int. da Febraccos, Delegada da Associação Internacional de Imprensa, Imortal da Acadêmia de Letras Artes e Ciências de São Paulo. Com formação no Canadá, EUA e UK.

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