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Bibliotecas escolares são escassas na maioria das escolas paulistas

As informações são da pesquisa inédita, divulgada no “I Fórum de Bibliotecas Escolares: construção de políticas públicas para formação cidadã”

O CRB-8 revelou durante o “I Fórum de Bibliotecas Escolares: construção de políticas públicas para formação cidadã”, o relatório técnico de uma pesquisa que tem o objetivo de trazer um retrato das bibliotecas escolares no cenário paulista.

De certo a pesquisa traz dados alarmantes. Apenas 7% das escolas pesquisadas contam com bibliotecas, em desacordo com a Lei 12.244/10. A Lei regulamenta que todas as instituições de ensino públicas e privadas do Brasil tenham bibliotecas. Inclusive, sempre com profissionais bibliotecários.

583 diretores

A pesquisa foi respondida no período de fevereiro a setembro de 2022 por 583 diretores de escolas públicas municipais e estaduais. São escolas com mais de 400 alunos de cidades acima de cinco mil habitantes das 16 regiões administrativas do Estado de São Paulo.

O relatório do Mapeamento das Bibliotecas Escolares do Estado de São Paulo confirma, no Estado mais rico do Brasil, a tendência quase absoluta da presença de salas de leituras. Inclusive sob a responsabilidade de outro profissional. Ainda assim, 16% dessas salas estão desativadas.

Direito dos alunos

De acordo com a presidenta do CRB-8, Ana Cláudia Martins, a biblioteca escolar tem papel fundamental na construção intelectual, social, cultural e também da cidadania. Além disso é um direto dos alunos, pais e comunidade. “São treze anos que a Lei da Universalização das Bibliotecas Escolares foi aprovada, mas não é respeitada pelo poder público”, salientou Ana Cláudia Martins.

O relatório apontou ainda que a biblioteca escolar nunca esteve presente nos projetos de construção da maioria das escolas brasileiras. E que a sala de leitura, enfim,  acabou sendo um subterfúgio utilizado pelo Estado para cumprir as legislações referentes às bibliotecas escolares.

Atendimento

Outro dado alarmante é que somente 26% das escolas públicas paulistas entrevistadas oferecem atendimento em tempo integral. Vale destacar que 58% oferecem atendimento no período da manhã/tarde, deixando, portanto,  grande parte da comunidade escolar que frequenta a escola no período noturno desprovida de espaço para desenvolver as suas atividades.

Áreas físicas

A área física de uma biblioteca deve dar condições de receber com dignidade e salubridade funcionários, estudantes e comunidade escolar. Na contramão, a pesquisa destaca que 50% dos espaços das bibliotecas/salas de leitura apresentam área física menor que 50m². Números que não combinam, portanto,  com a 5ª lei de Ranganathan, que salienta que a biblioteca é um organismo em crescimento. As salas de leituras/bibliotecas devem ter uma metragem adequada, pois, acondicionam acervos distribuídos por programas de livros da SEDUCSP e também pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Além de prever um espaço para convivência e projetos de disseminação da leitura.

Outra preocupação de diretores que responderam à pesquisa é ter a função do equipamento desviado, como conta em seu depoimento uma das diretoras que participaram da pesquisa. “A escola se tornou PEI em 2022, necessitando desativar a Sala de Leitura para colocar sala de aula em razão de termos passado de 10 para 14 salas de aula, uma vez que os alunos ficam das 7h às 16h na escola”, afirma ela.

Acervo 

O desenvolvimento de coleções em uma biblioteca escolar/sala de leitura é fundamental, pois, é necessário oferecer um acervo diversificado que correspondam aos anseios da comunidade escolar. Na contramão, foi verificado que apenas 20% das bibliotecas escolares/salas de leitura possuem livros literários em seus acervos.

E a origem da maior parte do acervo nas bibliotecas escolares pesquisadas, 45%,  é oriunda do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) um programa federal responsável pela aquisição e distribuição de livros didáticos, pedagógicos e literários para as escolas.

Organização

Além de um bom acervo é fundamental que ele seja muito bem organizado, facilitando a busca dos materiais procurados. Infelizmente, a pesquisa aponta que 45% ainda realizam o registro manualmente. “Querem vender um modelo de escola do século XXI, mas na realidade ainda estamos em busca de concretizar o essencial nas escolas”, salienta Marcos Antonio de Araújo, diretor administrativo e coordena a Comissão Temporária de Biblioteca Escolar do CRB-8.

A saber, a pesquisa abordou outros pontos como a iluminação, acessibidade e organização desses espaços. Na maior parte das vezes, apontou muitos problemas.

Conquistas

A pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo (CRB-8) utiliza a metodologia do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de Santa Catarina(CRB-14) que teve resultados políticos.

“Conseguimos 59 vagas para bibliotecários nas coordenadorias regionais da educação de Santa Catarina a partir dessa pesquisa, por pressão do Ministério Público. Temos acompanhado o trabalho desses bibliotecários e estamos vendo escolas com bibliotecas mais organizadas, desenvolvendo atividades e mediação de leitura. Então, são tantas as atividades que iremos publicar agora relatos de bibliotecários em um Ebook”, conta Maria Lourdes Blatt Ohira, que como coordenadora do Grupo de Pesquisa do CRB-14, em Santa Catarina, implantou o mapeamento das escolas no período de outubro de 2020 a fevereiro de 2021.

São Paulo e Santa Catarina

Além disso, ela conta que não viu grandes diferenças entre a realidade das escolas de São Paulo e Santa Catarina. “A mesma precariedade em algumas escolas de Santa Catarina também a gente encontra em São Paulo e vai encontrar em outros estados do Brasil. Enfim, falta espaço físico, acessibilidade, acervos atualizados, ausência de profissional bibliotecário, entre outros”.

Assim, Maria Lourdes Blatt Ohira, hoje na Coordenação da Comissão de Bibliotecas Escolares e Públicas do Conselho Federal de Biblioteconomia(CFB), leva essa experiência de Santa Catarina e São Paulo como uma ação da Comissão com a proposta que todos os Conselhos Regionais apliquem em seus estados.

A saber, você pode acessar o  relatório com o Mapeamento das Bibliotecas Escolares do Estado de São Paulo  na integra no site do CRB-8

Não perca, enfim, as próximas mesas. Você também pode participar dós eventos pelo Canal do YouTube. Ou se preferir assistir presencialmente. Haverá ainda duas mesas, uma no dia 24 de agosto e outra no dia 1 de setembro.

Serviço: 

“I Fórum de Bibliotecas Escolares: construção de políticas públicas para formação cidadã”

 24.08.2023 (5ª feira),19h, Bibliotecas Escolares: humanidades digitais

Local: Auditório da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo – FESPSP – Endereço: Rua General Jardim, 522 – Vila Buarque, São Paulo – SP, 01223-010

Inscrição: https://www.even3.com.br/i-forum-de-bibliotecas-escolares-painel-3-353046/

 01.09.2023 (6ª feira) – 19h, Bibliotecas Escolares: políticas públicas

Local: Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP – Endereço: Palácio 9 de Julho – Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Moema, São Paulo – SP, 04097-900

Inscrição: https://www.even3.com.br/i-forum-de-bibliotecas-escolares-painel-4-353049/

Fotos: RDNE Stock– Divulgação

Fonte: Cristina Aguilera
Assessoria de Imprensa

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Cristina Aguilera

Cristina Aguilera é jornalista com pós graduação em Mídias na Educação pela Universidade de São Paulo (USP) . Foi repórter de tv, rádio, revista, assinou colunas de Turismo e Moda. É co autora do livro “ A educação contada pela imprensa” junto com Cesar Callegari. Adora moda, turismo, educação, literatura, designer e cultura.

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